Monsenhor Dario Viganò concede entrevista na apresentação da Mensagem do Papa para o DMC

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Central é o olhar de quem conta, porque a realidade não tem sentido unívoco. Assim se expressou Mons. Dario Edoardo Viganò, Prefeito da Secretaria de Comunicação, na manhã da terça-feira, 24 de janeiro, 2017, na Sala de Imprensa do Vaticano ao apresentar a Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações. Com ele estava também Paloma Garcia Ovejero, vice-diretora da Sala de Imprensa, e Delia Gallagher, correspondente do Vaticano para a CNN. Francisco pede, essencialmente, uma comunicação construtiva, a lógica da boa notícia, e isso não significa ficar falando do “mundo de Heidi”, disse Mons. Viganò, mas abrir os espirais da esperança:
Viganò: É preciso quebrar o ciclo da comunicação negativa que leva ao entorpecimento da consciência, e isso significa que a história, às vezes, tem um pouco de cinza, de preto, mas sempre abrem-se portas para um horizonte de esperança, de proximidade. Isto é o que somos chamados a fazer: comunicar de tal maneira que possamos garantir não é o mal o protagonista vencedor.

Até tragédias como o terremoto, avalanches, catástrofes naturais pode ser, de alguma forma, a cena de uma boa notícia?
Isto não significa ceder à ingenuidade e contar uma história inexistente na realidade. Mas, por exemplo, dizer ao mundo o que está acontecendo de bom numa situação trágica: Eu acho que que homens e mulheres mostram-se concretamente e pessoalmente próximos a estas situações. É como dizer: “Olhem a situação está difícil, mas eu me uno a você para caminharmos juntos”.

Nós todos sabemos o quanto as más notícias se tornam virais, especialmente nas Redes Sociais  e também o quanto é difícil desmentir as falsas notícias. Francisco pede aos comunicadores para serem canais que vivem da Boa Nova. Os meios de comunicação do Vaticano podem conseguir isso?
Os meios de comunicação do Vaticano pode ajudar a mídia internacional, em particular, mostrando os processos e os contextos nos quais estão colocados os anúncios e as mensagens do Santo Padre, porque muitas vezes eles são descontextualizados e podem perder a sua força e a sua relevância.

Como se pode fazer isso? oferecendo uma visão sobre a história, o que poderia ajudar a compreender a realidade de hoje?
Sim, com certeza, porque cada ação de um Pontífice nunca é um começar do zero, mas é um ajuste em uma sucessão apostólica – não nos esqueçamos – é sempre uma história do Espírito Santo: o Papa Bento e hoje Papa Francisco recordam um critério para ler a história da Igreja, e esse é o critério de uma hermenêutica espiritual.

Na mensagem sublinha-se que as imagens e metáforas em vez de conceitos, são a forma preferida para se comunicar “nova vida” em Cristo. Este responde em grande parte o mesmo estilo de papa Francisco: a sua comunicação é espiritual, não é sociológica. Isso ocorre porque uma linguagem que comunica com gestos é mais inclusiva?
O que é espiritual não é inconsistente. O espiritual tem a ver com a história, com a densidade da lama que está encharcada a história de um homem e outro é feito de uma comunicação que sabe usar muito bem não só na aparência argumentativa lógico-conceitual, mas também gestos e proximidade. E os gestos e a proximidade querem dizer calor, inclusão. Então eu acho que o Papa Francisco é um grande professor, provavelmente por tradição cultural, por causa da sua formação. Mas eu acho que, na verdade, que a ideia de uma comunicação, de modo metafórico – que é precisamente parábola, história – também diz que é possível ter comunicações que são de relações, as relações de proximidade.

(A entrevista foi concedida a Debora Donnini, da Rádio Vaticano).

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